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Arquitetos: BRUTAL
- Ano: 2022
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Fotografias:Francisco Palacio
Descrição enviada pela equipe de projeto. Rancho Santa Martha é uma Casa Lar que oferece estudos para crianças de baixa renda. A Casa Estudantes é a acomodação para que eles continuem seus estudos universitários. O programa arquitetônico é o seguinte: dormitório feminino com banheiro, dormitório masculino com banheiro, sala, cozinha, sala de jantar, dormitório do zelador com banheiro, lavanderia e estacionamento. A propriedade está localizada a 13 metros de altura em uma rua secundária e a 16 metros de altura em uma rua principal, a 15 minutos de caminhada da universidade, com acesso próximo a pontos de ônibus e mercearias, sendo a localização ideal para o desenvolvimento do projeto.
O programa incluía 4 beliches por quarto e uma cama queen para o quarto do zelador, acomodando confortavelmente um máximo de 18 pessoas, por isso demos muita atenção no projeto ao tema da sensação de lotação. Assim, todos os espaços foram projetados com pés direitos altos. Os quartos possuem terraços e jardineiras independentes que ajudam a manter o ar limpo e fresco. A escada principal é o eixo central que conecta todos os espaços visualmente, além de funcionar como ventilação passiva através de uma chaminé, mantendo a casa fresca.
Uma das instruções mais importantes era que os quartos masculinos e femininos não estivessem diretamente conectados, para evitar qualquer incidente que representasse um risco para os jovens e os responsáveis. A solução foi utilizar duas escadas independentes que estão localizadas no mesmo espaço, mas em direções opostas, mantendo o acesso à escada feminina em frente ao quarto dos responsáveis e os homens subindo primeiro para o estúdio e depois para o quarto, conectando os espaços e promovendo a convivência sem descuidar da segurança de todos os moradores.
Buscamos a maior simplicidade econômica e construtiva, que se integra ao conceito do projeto. Isso ocorre porque o projeto foi erguido a partir de doações. As paredes são de tijolo de barro e blocos comuns revestidos com o mesmo tipo de reboco, com acabamento grosso e áspero, para não exigir manutenção e criar uma aparência natural. Todas as plantas são da região, algumas autóctones e outras adaptadas há anos ao clima local, portanto, precisam de irrigação mínima e podem sustentar alguma fauna autóctone. Os pisos internos são de concreto polido e os externos são de terra e cascalho, permitindo a permeabilidade da água da chuva para o subsolo e mantendo o edifício mais fresco, sem reflexos solares.
Cuidamos muito da escala da construção, assim como de seu impacto urbano em termos de materiais e cores. Por ser o único prédio de três andares da reigão, queríamos que ele se integrasse ao ambiente desde o dia em que fosse concluído. Por isso, a construção é escalonada, afastando-se da avenida principal e com o mínimo de muros perimetrais sólidos, apenas nos espaços que requerem maior privacidade, enquanto o restante se limita por telas e trepadeiras, cuidando da escala visual dos pedestres que atravessam as calçadas.
As fachadas são cobertas por diferentes jardineiras que enfatizam o escalonamento do prédio, embelezam as vistas internas das janelas e cobrem as fachadas, protegendo do sol e revestindo as paredes com trepadeiras, arbustos, flores e agaves regionais, tudo de baixa manutenção e com um sistema de irrigação, dando ao prédio cores diferentes a cada estação. Acreditamos firmemente que os jardins são parte indispensável da obra arquitetônica, por isso estão ancorados na estrutura do projeto e na base de como a Casa Estudantes é habitada.